terça-feira, 12 de novembro de 2013

"Notícia" - Verdades sobre a cirurgia bariátrica

“Seguir orientações de médicos com experiência é uma das obrigações para quem faz redução do estômago”

Vinte quilos a menos na balança e uma redução de 48 para 42 no manequim. Há dois anos, a comerciante Kátia Vasconcelos, 49 anos, tomou uma decisão para acabar com uma insatisfação que se arrastava desde que ela era uma menina de 12 anos com 75 quilos. Passou por uma gastroplastia por banda, que é a colocação de um anel no estômago. Viveu um pós-operatório difícil, mas conta que resistiu e não se arrepende. “Como minha autoestima aumentou, minha ansiedade por comida ficou de lado. Estou feliz. Não quero voltar a ser gorda”, relata.
Histórias com o mesmo final feliz, no entanto, não acontecem para todos os pacientes submetidos às cirurgias bariátricas e metabólicas, também chamadas de redução de estômago. Mortes como a de Fernanda Nóbrega, 26, na semana passada, cuja causa ainda é investigada, além de casos graves de anorexia nervosa e intolerância a ferro e proteína são “fantasmas” que assustam os candidatos a esse tipo de intervenção.
Um levantamento do médico cirurgião Álvaro Ferraz aponta que após dois anos da cirurgia, menos de 30% dos pacientes fazem o acompanhamento médico, quando isso deveria acontecer ao longo de toda a vida. É exatamente nesse momento que os problemas podem começar a surgir e, nos casos mais graves, resultar em óbito. “A cirurgia, por exemplo, causa uma deficiência na absorção de ferro e é importante o acompanhamento médico. O mesmo é registrado com a proteína, mas em menor grau”, explicou.
Exemplos de pacientes operados com comportamentos anoréxicos também são vistos nos consultórios. Segundo a médica cirurgiã Luciana Siqueira, isso acontece porque a pessoa fica feliz com a perda de peso e teme comer.
Os especialistas afirmam que, entre os pacientes com dificuldade de alimentação, que vomitam muito, a solução às vezes está na endoscopia. “Alguns não mastigam adequadamente ou comem rápido e deixam o processo de esvaziamento gástrico difícil. Na endoscopia, muitas vezes basta uma dilatação do estômago para resolver o problema, mas nem todos aceitam a intervenção, por medo de engordarem. Preferem passar mal”, completa Luciana Siqueira.
No último domingo (3), Fernanda Nóbrega foi sepultada após complicações no pós-operatório. Ela foi operada no dia 29 e depois de dois dias recebeu alta. Na madrugada, passou mal e voltou para o hospital, onde precisou ser novamente operada. Segundo a família, teria sido diagnosticada com obstrução no intestino. Dois dias depois da segunda intervenção, morreu.
Queixava-se de falta de ar. O atestado de óbito de Fernanda apontou como causa da morte embolia pulmonar, mas os parentes apontam que ela não recebeu os cuidados necessários do médico.
Disciplina
É a palavra-chave para a cirurgia de redução de estômago dar certo. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica orienta que o paciente deve fazer consultas e exames laboratoriais periódicos no pós-operatório, além do acompanhamento nutricional e psicológico. “A obesidade pode ter problemas psicológicos relacionados. São pessoas que sofrem muito preconceito e, quando se operam, acham que vão resolver todos os problemas. Como nem sempre conseguem, há os que entram em depressão”, analisa o médico Álvaro Ferraz.
Entre as complicações do pós-operatório estão infecções, tromboembolismo (entupimento de vasos sanguíneos), deiscências (separações) de suturas, fístulas (desprendimento de grampos), obstrução intestinal, hérnia no local do corte, abscessos (infecções internas) e pneumonia. Além disso, sintomas gastrointestinais podem aparecer após a refeição. A dica dos especialistas é reduzir o consumo de carboidratos, comer mais vezes ao dia, em pequenas quantidades, e evitar a ingestão de líquidos durante as refeições.

Verdades

Perde-se mais peso nos primeiros seis meses.
A perda mais significativa de peso ocorre nos primeiros seis meses

A mulher pode engravidar no pós-operatório.
A paciente é liberada para engravidar sem riscos após 15 meses de pós-operatório

Há tendência à anemia no pós-operatório.
Mulheres têm tendência à anemia por causa da menstruação, perda de ferro e falta de carne vermelha na dieta

O apoio da família e à família é indispensável.
Os novos hábitos a serem adotados pelo paciente devem ser estimulados por todos que convivem com ele

O paciente que sofre de gastrite pode ser operado.
Não há restrição cirúrgica para paciente com gastrite

Mitos

Em um ano de pós-operatório, o paciente engorda.
O ganho de peso ocorre quando o paciente não adota dieta menos calórica e não pratica exercícios físicos

Quem faz a cirurgia bariátrica fica propenso ao alcoolismo, uso de drogas ou compulsão por compras.
Não existe evidência científica sobre o assunto


A depressão é comum para quem faz a cirurgia.
Se o paciente ficar deprimido, isso deve ser investigado por psicólogo ou psiquiatra

Depois da operação, é comum a intolerância ao leite.
Esses alimentos são, inclusive, recomendados, sobretudo para as mulheres, como fontes de cálcio

A cirurgia causa problemas renais.
Não foi observada tendência a problemas renais

O paciente sente muitas dores no primeiro mês do pós-operatório.
As dores se manifestam somente no primeiro dia do pós-operatório

Depois da cirurgia bariátrica, o paciente deve fazer cirurgia plástica corretiva.
Nem sempre é necessário fazer cirurgia plástica após o procedimento

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